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O enfrentamento do problema da perda e desperdício de alimentos (PDAs) tem caráter complexo, e está associado a alguns Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs), notadamente o ODS 12, que trata do consumo e produção responsáveis. Tal ODS tem entre suas metas, a 12.6, incentivar as empresas a adotarem práticas sustentáveis e a integrar informações de sustentabilidade em seus relatórios; e a 12.8, até 2030, assegurar que as pessoas, em todos os lugares, tenham informação relevante e conscientização para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida em harmonia com a natureza.
Nota-se, portanto, que para que haja uma mudança efetiva nos padrões de consumo e produção é necessário transparência, informação e conscientização. No dia a dia, pessoas, empresas e governos nem sempre conhecem o impacto de suas decisões para a sustentabilidade dos sistemas agroalimentares, sendo necessário comunicar de forma mais transparente o impacto das empresas no capital natural, humano e social.
É nesse contexto que este projeto se insere, monitorando dados de práticas de prevenção e mitigação de perda e desperdício de alimentos (PDAs) das empresas processadoras de alimentos que atuam no Brasil.
Para isso o projeto possui uma abordagem quali e quantitativa. A abordagem qualitativa tem como objetivo a criação e validação das categorias e seus respectivos indicadores para avaliação das práticas de prevenção e mitigação de PDAs das empresas. Essa etapa foi compreendida por uma Revisão Sistemática da Literatura, seguida de uma pesquisa Delphi. Os objetivos do Delphi são validar as práticas identificadas na RSL e definir indicadores de mensuração, para que seja possível uma avaliação objetiva das práticas da indústria processadora.
Após essa validação, se inicia a fase quantitativa, que possui como foco o levantamento das práticas associadas a cada categoria e indicador por parte das empresas-alvo, por meio de seus relatórios de sustentabilidade por, no mínimo, três anos.
Os relatórios de sustentabilidade oferecem uma plataforma para as organizações comunicarem suas iniciativas e impactos relacionados à sustentabilidade, fornecendo informações quanto as suas ações. A demanda por divulgação de informações por meio de relatórios está em constante crescimento entre as organizações. Isso é evidenciado pela crescente importância da comunicação para a sociedade sobre as ações sociais e ambientais integradas pelas organizações, as quais desempenham um papel crucial no avanço dos conceitos de sustentabilidade.
As práticas para prevenção e mitigação de perda e desperdício de alimentos podem ser adotadas em diferentes frentes, bem como em diferentes elos da cadeia de produção, o que torna o entendimento desse tema complexo aos tomadores de decisão, em especial, dentro das empresas de processamento. Diante dessa constatação, a criação das categorias de análise e de seus respectivos indicadores, inseridos no projeto de aprimoramento do Ranking positivo para avaliação das práticas de prevenção e mitigação de PDAs, levou em consideração que a indústria processadora tem capacidade de coordenação da cadeia. Ou seja, ela tem como influenciar tanto segmentos a montante como a jusante no sentido de auxiliá-los a adotarem práticas benéficas ao enfrentamento da questão de PDAs. Além disso, com ações externas à empresa de processamento (a montante e a jusante), a própria empresa pode se beneficiar em sua gestão interna.
O Ranking de avaliação contará com seis categorias para análise das ações das indústrias, quais sejam: i) relação com fornecedores; ii) gestão interna, subdividida em estratégia de negócios e objetivos de negócio; iii) processos internos, subdividida em processos e produto e embalagem; iv) tratamento interno de resíduos; v) relação com consumidor; e vi) cadeia de valor e outros stakeholders.
A definição de indicadores associados às práticas é fundamental pois é necessário obter critérios mensuráveis das práticas em questão. Essa lógica se justifica pois, como já exposto anteriormente, a análise do desempenho das empresas se dará por meio da análise dos relatórios de sustentabilidade. Além disso, a estruturação da avaliação em categorias e seus respectivos indicadores permite a análise comparativa (entre as empresas analisadas), e melhor entendimento das áreas nas quais a preocupação com PDA deve ser destacada.
Isso permitirá fazer uma análise comparativa das empresas-alvo, caracterizando o estudo como descritivo do tipo longitudinal. Assim, espera-se obter um banco de dados organizado como um Data Warehouse, que permitirá que os dados sejam consumidos por qualquer tipo de aplicação que tenha como objetivo a análise dos dados.
Mestranda Deise Barbiani – Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
Dra. Ana Luiza Camargo (FZEA/USP) – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade São Paulo (USP)
Dra. Bruna Liria Avelham (UNESP) – – Faculdade de Ciências e Engenharia, Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Profa. Assoc. Giuliana Santini – Faculdade de Ciências e Engenharia, Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Profa. Dra. Liziane D. Lacerda Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
Profa. Assoc. Vivian Lara dos Santos Silva – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade São Paulo (USP)
Prof. Assoc. Gessuir Pigatto – Faculdade de Ciências e Engenharia, Universidade Estadual Paulista (UNESP)